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Testemunha viu e ouviu última conversa de Toco com ex-mulher

16/08/2019 - 15h13min

Atualizada em 19/08/2019 - 09h35min

Estância VelhaA investigação que apurava o caso envolvendo o ex-prefeito Elivir Desiam, o Toco, 57 anos, e a namorada Lucia Bialoso Valença, 35, foi concluído pela Polícia Civil nesta semana.

O inquérito, com as provas produzidas pela equipe do Serviço de Investigação, foi entregue nesta quarta-feira à Justiça. O Diário teve acesso aos documentos. 

O resultado é aquele que já se desenhava desde o princípio – e que custa ser aceito por parcela da população: Toco matou a namorada, na casa em que moravam em Estância Velha, e depois cometeu suicídio, por afogamento, ao entrar no mar em Imbé, onde morou por certo tempo com a ex-mulher. 

O Ministério Público, por meio de assessores, informou que ainda não recebeu o processo. O órgão pode, com base no que decidiu a Polícia Civil, pedir o arquivamento do caso ou solicitar a produção de novas provas, o que exigirá que o inquérito seja remetido de volto à polícia, para a realização das diligências solicitadas pela Promotoria.

Lúcia morreu asfixiada após ser estrangulada por Toco

Além dos depoimentos de testemunhas-chave, como o do assessor Maicon Schuh e da ex-mulher, Sueli Cardoso Lopes, para quem Toco confessou o feminicídio, outros indícios técnicos sustentam essa conclusão. A mais recente deles foi entregue à polícia, pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), na semana em que o caso completou seis meses. 

No dia 28 de junho, um laudo entregue pelo IGP atesta que Lucia Bialoso Valença foi morta estrangulada. Para a polícia, quem fez isso foi Toco. Ou seja, com as mãos ou com a faixa do vestido que Lucia usava, Toco pressionou o pescoço da namorada até que ela perdesse os sentidos. 

NAMORADA REAGIU

Na reconstituição analítica do crime, a namorada de Toco reagiu ao ataque promovido por ele. Um laudo anterior entregue pelo IGP no final de abril confirmou a presença de fragmentos debaixo das unhas de Lucia. Os restos de pele são compatíveis ao DNA do ex-prefeito. 

Logo, a equipe de investigação concluiu que Lucia, enquanto era esganada por Toco, tentou se desvencilhar do ataque e tenha lhe arranhado. Na época, o delegado Márcio Niederauer, que coordenou a investigação do meio para o fim, destacou que o resultado poderia indicar desde uma briga entre o casal até uma reação de defesa da vítima em eventual ato de estrangulamento. 

Naquela oportunidade, o delegado destacou, ainda,  que o resultado trazia uma prova técnica para dentro do inquérito que reforçava a tese de feminicídio seguido de suicídio. 

Ex-mulher implora: “pelo amor de deus homem, o que você vai fazer?”

O crime aconteceu entre a noite do dia 28 e a manhã do dia 29 de dezembro de 2018. A suspeita é de que Toco tenha matado Lucia ainda na noite do dia 28 e, logo após, tenha iniciado o deslocamento para o Litoral, onde se matou na manhã do sábado.  Na investigação de quase 400 páginas, a Polícia Civil apresenta, de maneira detalhada, os últimos passos de Toco e Lucia nas última horas de vida de ambos. 

O inquérito chama a atenção para o fato de o corpo de Lucia ter sido encontrado somente na manhã de sábado (29 de dezembro), depois que Toco ligou para o assessor e falou pessoalmente com a ex-mulher informando que teria matado Lucia, com quem tinha casamento marcado para o dia 24 de janeiro de 2019. 

O encontro de Toco com Sueli, na manhã de sábado, foi confirmado por uma testemunha. Em depoimento, um vizinho de Sueli e amigo de Toco, afirmou que viu Toco entrando na casa da praia com uma caixa e depois retornando sem nada, um minutos depois. Disse, ainda, que Sueli tentou impedir que Toco deixasse o local, mas o ex-prefeito se trancou no interior do veículo e não atendeu suas súplicas. “Pelo amor de deus homem, o que você vai fazer?”, teria dito Sueli, chorando e batendo no carro.

QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO

Com a quebra do sigilo telefônico, foi possível verificar que a última vez que o celular de Toco indicou sua presença em Estância Velha ocorreu às 20h14 de sexta-feira (dia 28). O horário coincide com a última vez que Lucia – ou alguma outra pessoa – acessou o aplicativo de mensagens WhatsApp instalado no aparelho celular dela. O WhatsApp de Lucia foi manuseado a última vez, exatamente, às 20h26 do dia 28 de dezembro. 

Depois disso, as Estações Rádio Base (ERB’s) confirmam que Toco circulou pela BR 116, de São Leopoldo até Porto Alegre, e ingressou na BR 290 (Freeway), com destino ao Litoral. Ainda pela referências das ERB’s, quando estava à caminho da praia, Toco parou na Freeway, no trecho entre Santo Antônio da Patrulha e Osório. Os próximos sinais indicam sua chegada a Imbé. 

O último sinal emitido pelo celular de Toco ocorreu às 7h48 de sábado (dia 29/12), já no perímetro onde sua ex-mulher mora e onde, posteriormente, seu corpo foi localizado boiando no mar. Os aparelhos celulares de Toco e de Lucia nunca foram encontrados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LIGAÇÕES

Ainda, o extrato da quebra de sigilo mostra com quem o ex-prefeito estanciense conversou entre o final da tarde de sexta e a manhã de sábado. Os registros confirmam ligações de Toco ao assessor Maicon. Em uma destas ligações, às 7h49 do dia 29 (sábado), o ex-prefeito conversou com Maicon quando informou que havia matado Lúcia e que iria se matar. 

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