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D’Alessandro se emociona no Beira-Rio em despedida após 12 anos no Inter

20/12/2020 - 09h30min

Atualizada em 20/12/2020 - 09h33min

Porto Alegre – O argentino ganhou homenagens e se emocionou no Beira-Rio em despedida com vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras. Vestiu a camisa 10. Calçou as chuteiras. Foi para o gramado – com o cuidado de pisar primeiro com o pé direito, em um ritual particular para o aquecimento. Torceu. Vibrou com os dois gols. Ficou no banco até os 41 do tempo. Entrou em campo. Recebeu a braçadeira de capitão. Correu. Orientou a equipe. Marcou. Deu até carrinho. Festejou a vitória.

Guarde bem cada uma destas ações, por mais simples e rotineiras que sejam. Guarde também os 15 toques na bola, os seis passes certos e os nove minutos em campo. Pois foram os últimos atos de D’Alessandro como atleta do Inter.

Exatos 4524 dias depois de pisar o Beira-Rio pela primeira vez como jogador colorado, D’Ale entrou em campo no estádio para seu último jogo com camisa do clube. A despedida veio com vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, neste sábado, pela 26ª rodada do Brasileirão.

Mas o 19 de dezembro de 2020 está eternizado para os colorados não pelos gols de Edenílson e Yuri Alberto ou por qualquer lance com a bola rolando. E sim, por tudo o que aconteceu depois.

Pelas homenagens e lágrimas que tomaram o gramado e fizeram jus ao capítulo final dos 12 anos da era D’Alessandro no Beira-Rio. Mais de uma década desde que o argentino intempestivo marcou época como um dos maiores ídolos da história centenária do Inter.

Em uma hipotética carta de despedida publicada no Globo Esporte, o escritor colorado Fabrício Carpinejar deu voz ao Beira-Rio e escreveu que D’Ale não saía do vestiário para os jogos. Vinha direto das arquibancadas para vestir as cores do Inter como um torcedor faria.

Quis o destino, este irônico, que a despedida do ídolo não tivesse a torcida para recebê-lo com uma ovação em uníssono para ecoar na eternidade. Para aplaudi-lo de pé uma última vez.

Mas o primeiro gesto de D’Alessandro ao deixar o vestiário foi ir até a mureta que separa o gramado das arquibancadas. E olhar, sorrir e acenar para o único camarote iluminado na noite deste sábado no Beira-Rio. Lá estavam sua esposa, Érica, e os filhos Martina, Santino e Gonzalo.

D’Ale diz em suas entrevistas que “deixa a pele e o sangue” em campo com a camisa do Inter e só construiu a idolatria que tem no clube pela família. Nada mais justo que estivessem presentes na despedida, ocupando vagas previstas no protocolo da CBF para funcionários do clube.

O camisa 10 foi mero coadjuvante de sua despedida em campo. Do banco de reservas, foi um torcedor para vibrar com os gols e um inquieto veterano de 39 anos à espera de minutos preciosos em campo.

D’Ale festejou o gol de Yuri Alberto e entrou aos 41 do segundo tempo apenas para ter a chance de vestir a camisa do Inter e a braçadeira de capitã, entregue por Rodrigo Dourado uma última vez. E para dar início às homenagens.

Família, lágrimas e homenagens: a despedida

A onda de abraços e as lágrimas foram imediatas ao apito final. Os primeiros a abraçar D’Ale foram os companheiros, que, um a um, o cumprimentavam pela despedida.

Depois, a festa foi coletiva. Já choroso, D’Alessandro se agarrou na bola do jogo, sua recordação do último ato. Os colegas de elenco o arremessaram no ar, aos gritos de “D’Alessandro! E dá-lhe D’Alessandro”.

Érica e os filhos entraram no gramado e envolveram D’Ale em mais um abraço. As luzes do Beira-Rio se apagaram, exceto por um feixe de que iluminava apenas os D’Alessandro.

Assim eles ficaram: abraçados e cercados por jogadores, dirigentes e comissão técnica enquanto um vídeo com homenagens era reproduzido nos telões. D’Ale ouviu mensagens e votos de amigos e ídolos colorados, como Taison, Alex e Nilmar.

Depois, fez seu último discurso como atleta do clube. Lamentou o fato de não poder se despedir junto ao torcedor, mesmo que o futuro presidente Alessandro Barcellos já tenha prometido um jogo quando acabar a pandemia do coronavírus. E enalteceu os momentos desfrutados com a camisa vermelha.

” Errei, acertei, como uma pessoa que quer ganhar sempre e não se conforma. Não vestirei a camisa colorada no próximo ano, mas a história continuará
— D’Alessandro

Em uma última homenagem, o elenco formou um corredor para aplaudir D’Alessandro. E o gringo passou pelos aplausos de mãos dadas com o filho mais novo, Gonzalo, e escudado pela família.

Os companheiros todos foram para o vestiário, exceto por Praxedes. O garoto esperou o argentino receber uma faixa de homenagem de alguns torcedores antes de dar um último abraço em D’Ale.

O argentino vestirá uma nova camisa em 2021. E leva consigo uma vida de Beira-Rio, eternizada nas lágrimas deste sábado e na memória já saudosista de todos os colorados.

D’Alessandro deixa o Inter com 517 partidas, 95 gols e 113 assistências. É o terceiro jogador com mais jogos na história do clube. Foi campeão da Libertadores e rei da América em 2010 e conquistou Sul-Americana e Recopa Sul-Americana, além de seis Gauchões.

* Com informações de Globo Esporte.

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