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DIÁRIO RURAL: Dias chuvosos do mês de maio acumulam prejuízos na agricultura
Santa Maria do Herval – O mês de maio foi marcado por muitos dias chuvosos ou nublados. A pouca incidência de luz solar sobre as plantas prejudicou o seu desenvolvimento e acabou apodrecendo bastante o que já estava na lavoura pronto para ser colhido. De acordo com o secretário de Agricultura, Jaime Morschel, as três principais culturas agrícolas do município, que são milho, batata e hortaliças estão registrando as maiores perdas.
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“Por sorte, em Santa Maria do Herval, a maioria dos nossos agricultores possui outra fonte de renda, além do que é produzido na lavoura. Essa diversidade ameniza um pouco as consequências das perdas na lavoura”, destaca Jaime.
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Milho
Na produção de milho a situação é uma das mais complicadas porque a safra deste ano vem acumulando prejuízos de 20 a 30%. A época de desenvolvimento da planta e formação da espiga acabou prejudicada pela estiagem (perda de 10 a 15%). E agora que está pronto para colher a chuva impede a entrada de maquinário nas lavouras. Além de atrasar a colheita, o excesso de umidade provoca brotação dos grãos ainda nas espigas e deixa a planta fraca, o que deixa fácil de ser derrubada pelo vento (mais 10 a 15% de perda).
Segundo estimativas da Secretaria de Agricultura, no município mais da metade da plantação de milho é destinada à produção de grãos. O restante vai para uso na silagem. A falta de dias ensolarados inviabiliza que a secretaria faça a colheita para os produtores que solicitaram serviço de máquina da Prefeitura. Isso faz com que os pedidos fiquem acumulados. A orientação é: para quem tiver a possibilidade de fazer a colheita com algum prestador de serviço não espere pelo trator da secretaria. A estimativa é que nesta safra ainda falta colher mais de 50% do milho/grão. O total plantado, grão e silagem, passa de 2 mil hectares. O sol retornou na terça-feira, 4, e com isso a colheita do milho já foi retomada.
Custo elevado
No cultivo do milho ainda tem outros fatores que pesam no bolso do produtor, como a elevação do preço dos insumos devido ao aumento do dólar. Em 2018 a saca de 60 kg era vendida a R$ 43. Neste ano está sendo comercializada a preço médio de R$ 35. Porém, a saca de 50 kg de adubo custava R$ 55 (2018). Agora está R$ 85. Já os 50 kg de ureia custavam R$ 50 em 2018. Neste ano aumentou para R$ R$ 90. “A agricultura é um setor que trabalha com um risco muito alto e o lucro às vezes nem vem. O agricultor empatando muitas vezes já está no lucro. Porém é preciso considerar que é da lavoura que vem sua fonte de renda”.
Batata
O secretário destaca que são cultivados entre 500 e 600 hectares de batata inglesa no município. Essa é uma cultura que necessita bastante sol porque o excesso de umidade acaba apodrecendo as plantas, além de facilitar o desenvolvimento de doenças. A saca de 50 kg de batata está sendo comercializada a preço médio de R$ 80. O valor não é considerado ruim quando a produção é alta. O problema deste ano são as perdas causadas pelo excesso de umidade. A próxima safra será plantada nos meses de agosto e setembro.
Hortaliças
Quem trabalha com hortaliças também enfrenta perdas causadas pelo excesso de umidade. A pouca incidência solar atrapalha no desenvolvimento das verduras que já estão plantadas, além de facilitar o surgimento de fungos e o apodrecimento das plantas. Devido a essa dificuldade na produção, enfrentada pela maioria dos agricultores, a expectativa é que diminua a oferta de produto e, consequentemente, o preço se eleve para o consumidor. Soma-se a isso a época de geadas, que está se aproximando e pode “queimar” algumas culturas.
Um dos produtores de hortaliças no município é o Jorge Bernardo Kaefer, que há mais de 25 anos convive com as mudanças climáticas e já aprendeu a conviver com isso. “A gente sabe que todo ano isso se repete. O inverno tem essa época de chuva e temos que aceitar”.