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“A Covid não conseguiu destruir nossa família”, conta moradora de Estância Velha

11/05/2021 - 09h08min

Eliana contraiu a doença em outubro de 2020: “É horrível. Só quem teve para saber" (Créditos: Arquivo pessoal)

Eliana fez uma tatuagem como promessa após a recuperação dos pais (Créditos: Arquivo pessoal)

Estância Velha – Eliana Pereira, 49 anos, moradora do bairro Veneza, começou a prestar atenção a alguns sintomas que desenvolveu por volta de outubro do ano passado. “Comecei com uma simples ‘gripezinha’, e à medida que os dias foram passando, foi piorando de uma forma brusca. Era muita dor de cabeça, minhas panturrilhas endureceram, e aí fui no médico”, relatou ela.

Eliana realizou o teste rápido da Covid-19, com resultado negativo. Neste período, viajou ao Viaduto 13, tradicional destino turístico gaúcho, com cerca de 40 pessoas em um ônibus. Na volta, continuou se sentindo mal. Foi ao médico mais uma vez, realizou o exame PCR e o resultado positivou. Todos seus colegas de viagem, de acordo com ela, negativaram os testes.

“A Covid é muito oportunista. Ela pega onde a pessoa está frágil”, afirma Eliana, contando que se isolou em casa, onde mora com os dois filhos, Amanda Mandler, na época com 20 anos, e Vitor Mateus, de 14, além do esposo, o ex-candidato a vice-prefeito em 2020, Dario Hanauer. “Apesar de todas estas dores, vem a questão do medo. É horrível. Só quem teve para saber”, comenta ela.

 

Emiliana e Salvador, os pais de Eliana, tiveram a Covid em agosto de 2020 (Créditos: Arquivo pessoal)

Meses antes, os pais

Ela afirma que temeu também depois da experiência de seus pais, Salvador Rodrigues Pereira, 75 anos, e Emiliana Conceição da Silva Pereira, 71 anos, moradores do Sol Nascente. Ambos contraíram a doença meses antes, em agosto, e ficaram internados no mesmo quarto, ao mesmo tempo, no Hospital Getúlio Vargas.

O casal se recuperou, mas teve sequelas, como dificuldade para levantar os braços, ao que ela atribui à idade avançada deles. Eliana também se recuperou da Covid-19, e diz que ainda sente um pouco de cansaço, e ainda dores de cabeça de maneira eventual. “Mas, graças a Deus, não podemos nos queixar. Houve famílias que perderam entes queridos”, diz ela.

 

“Fiz uma promessa, e hoje está gravado no meu corpo o momento da vitória dos meus pais”

 

 

Amanda Mandler, 21 anos, que teve Covid em março deste ano (Créditos: Arquivo pessoal)

Meses depois, a filha

Quando tudo parecia tranquilo, Amanda, filha de Eliana, testou positivo. Foi em março deste ano, quando ela já havia completado 21 anos. Assim como a mãe, Amanda, que trabalha em uma papelaria no Centro de Estância Velha, se isolou em casa, “ganhou” banheiro próprio, não saía do quarto e recebia as refeições em um cômodo anexo onde permanecia em quarentena.

A jovem não teve maiores preocupações e se recuperou. Vitor e Dario não se infectaram. “Gostaria que todas as famílias tivessem a sorte que tivemos. O Covid não conseguiu destruir a nossa. Fiz uma promessa: se eu levasse meus pais para casa de volta do hospital, faria uma tatuagem escrita ‘pai e mãe’. Hoje está gravado no meu corpo o momento da vitória deles”, afirma Eliana.

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