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Ademir Roque Engeroff: “Ele inspirou muitas pessoas e esse é o legado dele”

26/03/2021 - 10h20min

Inspirada no pai, Jayne também se formou em Educação Física e compartilhou o momento com Ademir

São José do Hortêncio – Para tentar encontrar conforto em meio à dolorosa situação que estão tendo que enfrentar neste momento, os familiares de Ademir Roque Engeroff, que faleceu aos 57 anos, na última semana, têm passado o tempo lembrando com carinho das histórias vividas ao lado dele. Amoroso, gentil, paciente e amigo, são algumas das palavras que utilizam para descrever o professor que, acometido por uma doença degenerativa, partiu cedo.

Formado em Educação Física e lecionando a disciplina em escolas da região desde 1998, ele iniciou sua carreira na escola Guilherme Exner, em Presidente Lucena, onde permaneceu por anos. No entanto, ainda antes ele já havia atuado na Escolinha de Futebol de Hortêncio e participava do Lifi, a Liga Municipal de Futebol Infantil.

No entanto, para além das salas de aulas, Ademir atuou também como Gestor do Esporte na Prefeitura de São José do Hortêncio e fundou a Fitness Sport Center Academia também no município, que ficou aberta por dois anos, até sua saída de Hortêncio.

Jayne Luisa Engeroff, única filha de Ademir – fruto de seu primeiro casamento, com Renita Doraci Backes – conta que o pai estava sempre cheio de sonhos e planejamentos envolvendo a prática e o ensino de esportes. Aos 29 anos, ela segue os passos do pai: também formada em Educação Física, atualmente ela é proprietária da academia Saúde em Foco, em Ivoti.

“Ele me inspirou muito a seguir o mesmo caminho que ele. Os relatos que estamos vendo dos ex-alunos nos mostra o quanto ele era querido por todos e o quanto ele também inspirou muitos deles na vida”, salienta a filha de Ademir, que completa: “e esse é o legado dele. Tenho certeza que, onde ele está, ele está feliz com o seu reconhecimento”.

Lembranças

Em sua formatura de Educação Física, Ademir posa ao lado da filha, Jayne, e da sobrinha, Rafaela

“Lembro que quando conheci ele, não imaginava que era uma pessoa tão viva e apaixonada pela vida. Sempre lembraremos dele lutando pela vida até o último suspiro. Ele foi forte, guerreiro e, acima de tudo, sempre grato a Deus pela vida que ele tinha”, declara a viúva, Leonida Rosa.

Casados desde 2015, ela lembra que, para Ademir, futebol era sagrado: não perdia nenhum jogo transmitido pela televisão e nem a pelada com os amigos, fora o fato de ser um ótimo jogador. Eles moravam em Canoas, junto com os filhos dela, Renata e João Pedro. Dos hábitos do marido, um que não sai de sua memória, são os momentos dele com a cuia na mão. Sempre tomando chimarrão, ela recorda que esta era sua “marca registrada”.

O mate quente nas mãos do tio também é uma das lembranças mais vívidas de Cristiano Grossler, filho de Isolde Engeroff, uma das 14 irmãs de Ademir, já falecida. O sobrinho relata com carinho as noites de inverno que passava na casa do padrinho de crisma, onde os dois sentavam-se na sala, ele sobre o carpete verde e Ademir no sofá, tapado com um cobertor térmico e tomando chimarrão, enquanto escutavam a música “Stay”, do grupo Oingo Boingo.

“Até hoje lembro dele sempre que escuto esta música. Ele foi uma pessoa maravilhosa, presente na minha vida e o futebol nos uniu ainda mais”, comenta Cristiano, apontando que Ademir fazia do esporte uma ferramenta para unir as pessoas e ajudar os jovens da comunidade.

Rafaela Grossler, irmã de Cristiano, também tem boas recordações do tio. Ela comenta que, mesmo quando passava por dificuldades, Ademir tinha coragem para seguir em frente e continuar sua jornada. Para ela, o companheirismo dele nos momentos complicados que a irmã passou, o tornou ainda mais admirável pela família.

“Eu tentei demonstrar minha gratidão e carinho por ele em diversos momentos e espero que meus pequenos gestos tenham trazido um pouco de alegria para os dias difíceis pelos quais ele passou”.

Homenagens

Formado em Educação Física, Ademir atuou como professor de 1998 a 2019

Ele atuou como professor de Educação Física na rede municipal de Lindolfo Collor até o início de 2019. No entanto, em agosto daquele ano ele descobriu a doença e alguns meses depois se aposentou por invalidez.

Ser professor e poder dividir seus conhecimentos sobre os assuntos que mais lhe encantavam eram suas paixões. Por conta disto, seu jeito único de cativar a atenção de crianças e jovens marcou sua trajetória na profissão e fez com que, até hoje, fosse lembrado com carinho por quem teve a oportunidade de dividir com ele as salas e as quadras. Assim, desde a notícia de sua morte, ex-alunos, ex-colegas de trabalho, amigos e familiares usaram as redes sociais para declarar seu carinho por ele e dar suporte à família.

“Pode ter certeza que ele deixou o legado dele, nosso eterno professor careca”, diz uma das manifestações. Em outra, um ex-aluno explicita: “ainda não consigo acreditar, um professor amigo que terá sempre minha admiração, daqui até o céu! Foi um exemplo de professor para mim.”.

Apesar das mensagens trazerem conforto em meio ao momento de luto, Jayne comenta que ao mesmo tempo em que fica feliz por saber que seu pai deixou tantas boas memórias nas pessoas com quem cruzou durante a vida, também lastima o fato de que seu pai não tenha tido dimensão do quanto era querido ainda em vida.

“A mensagem que quero deixar a todos é: nunca se sabe se teremos o amanhã, então, nunca espere a oportunidade certa para falar para alguém que a ama, que a admira, que se orgulha dela”, declara.

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