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Agricultores já colheram quase todo o feijão dessa safra em Santa Maria do Herval
Santa Maria do Herval – O feijão é um dos principais alimentos que compõe a mesa dos brasileiros no dia a dia. Mas, para que possa ser finalmente servido, passa por um longo processo desde o seu plantio até a colheita, que dura entre dois e meio a três meses. Em Santa Maria do Herval, a parcela mais significativa é plantada no final de novembro e início de dezembro e, sendo assim, a maior parte do grão – em torno de 99% – já está com a colheita concluída.
Na localidade de Padre Eterno Baixo, no interior de Santa Maria do Herval, seu Reinaldo Schulz já colheu parte de seu feijão em meados de janeiro. De acordo com ele, o que é plantado é somente para o consumo da família. “Se alguém precisar, a gente vende um pouco, mas, a maioria consumimos aqui em casa mesmo”, disse ele, que mora com a esposa, Ilse.
Plantio e colheita manual
Ele e a esposa são aposentados e ainda fazem o processo manual da colheita. Esperam o pé de feijão estar bem seco e arrancam-no da terra com as próprias mãos, sem o auxílio de máquinas. Após fazer isso, o colocam ao sol, sobre uma lona, para que as vagens possam secar; volta e meia seu Reinaldo vai lá, vira e desvira o feijão para que o sol, bem quente, possa secar adequadamente os pés de feijão.
Mais tarde, ele bate o feijão com pedações de madeira. A ferramenta, que popularmente é conhecida por mangual e no Hunsrik “Fleiche” , é composta por duas partes: uma, que é maior, está presa por uma corda a uma menor; seu Reinaldo pega com força a parte maior, enquanto da impulso na parte menor e, assim, bate com força sobre o feijão, abrindo a vagem.
É um processo simples, mas que demanda muita força a resistência por parte dos agricultores. O serviço é feito de baixo de sol escaldante, preferencialmente logo após ao meio dia quando o mesmo está a pino. “Primeiro a gente bate tudo de um lado; depois, viramos o feijão e batemos do outro lado também”, explica seu Reinaldo, detalhando o processo para que todo o feijão consiga ser extraído da vagem e, assim, valorizando cada grão da sua plantação.
Após quase uma hora, quando o processo de bater o feijão já está pronto, é necessário tirar os pés da planta e a vagem e, sobre a lona, permanece o feijão.
Observando o vento
Seu Reinaldo então, mostra como faz para limpar o feijão que, obviamente, está sujo depois de ser extraído da vagem. Ele pega um balde ou uma lata, enche de feijão e procura a melhor posição contra o vento e, devagar e com muita paciência, volta a derramar os grãos sobre a lona. O processo é repetido várias e várias vezes e, o vento, cumpre seu papel e limpa o feijão vagarosamente.
Reinaldo conta que dentre as variedades que mais planta, está o feijão preto e o carioca.
Produção em Herval
De acordo com o secretário de Agricultura de Herval, Jaime Morschel, os agricultores do município plantam cerca de 250 sacos de feijão (um saco por hectare – total de 15 mil quilos), que resultam em uma colheita aproximada de 10 mil sacos ao ano, contabilizando o resultado da safra e safrinha. Desses, 60% são feijão preto, 30% amendoim e, por fim, 10% carioca.
Jaime conta que o Teewald possui cerca de 600 famílias no meio rural, na qual estão inclusas as que trabalham na indústria e comércio e permanecem na agricultura para sua subsistência familiar. “Dessas, de 150 a 200 famílias plantam feijão, algumas mais e outras menos. A maioria planta para sua subsistência, mas, tem agricultores que colhem 200 ou mais sacos de feijão ao ano”, disse o secretário.
Estiagem e aumento no valor
Ele relata ainda que a estiagem atingiu fortemente o feijão tardio, chegando a dar quebra de 30%, da mesma forma como outras culturas que foram devastadas pela seca. Com isso, Jaime ressalta que o valor da saca do grão vem aumentando diariamente. O valor do feijão nas variedades amendoim e carioca está na faixa de R$ 300 a R$ 350, enquanto que o preto estão em R$ 250 variando até R$ 280.
ALERTA
*Jaime também faz um alerta para a comunidade, pedindo que evitem ao máximo o desperdício de água. “Quase não estamos conseguindo dar conta de suprir a falta de água para o consumo humano e, pior ainda, está para o consumo dos animais, como aviários”, disse, após estar o dia inteiro na rua na tarde de ontem para abrir poços, procurando por água. “Em muitos lugares que abrimos, já não encontramos mais nada”, lamenta ele.