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Diário da 3ª Idade: Aos 79 anos morador da 48 Alta se dedica às samambaias

30/04/2021 - 09h38min

Lírio trabalhou vários anos na roça e hoje dedica-se exclusivamente às samambaias (Crédito: Cândido Nascimento)

Por Cândido Nascimento

 

Ivoti – Para Lírio Ernesto Sander, 79 anos, a vida segue numa linha contínua. Desde pequeno trabalhou junto com os pais na agricultura, tirando o leite e cortando pasto para o gado. Morador da 48 Alta, já plantou laranjas e aipim, ajudou a mãe com as plantas, mas hoje dedica-se a cuidar das suas samambaias, por uma questão de preservar a saúde.

Segundo conta Lírio, no ano passado, ajudou no plantio de abóboras, milho pipoca e feijão. Mas, como não pode pegar muito sol e tem a saúde fragilizada, a família sugeriu que ele se dedicasse mais às suas samambaias.

Hoje, conta com seis espécies diferentes de samambaias na propriedade familiar. A primeira muda foi trazida pela sobrinha Daiana, da Escola Bom Pastor, Nova Petrópolis, onde ela estudava. Mais tarde comprou outra muda numa floricultura e, hoje, as plantas se multiplicaram e alegram o quintal da casa.

“A família não quer que eu trabalhe pesado e a sugestão foi me dedicar às samambaias, pois elas precisam de muita sombra, já que o sol deixa as folhas amareladas”, explica o produtor, que pretende vender as plantas no Dia das Mães, em uma tenda feita na frente de casa, na Estrada Picada 48 Alta, 2294.

No endereço está a Casa do Tempo, que faz massas capeletti, biscoitos, geleias e outros produtos oriundos de uma agroindústria familiar. Os produtos são fabricados por Daiana e sua família.

 

Uma rica história herdada

Lírio é filho de Reinaldo Sander, falecido em 1980, e Frida Sidônia von Mühlen, que eram agricultores. Além de Lírio eles tiveram mais um filho, Hélio Elton Sander, falecido em 1993.

A família plantava milho, feijão, cana-de-açúcar, aipim e amendoim.

“O pai vendia os produtos para o Enzweiler, morador da Picada Feijão, e também para o Alberto Arnecke, que tinha um armazém de secos e molhados onde hoje é o Armazém Fritzen, e que também comprava galinhas e ovos dos colonos. O leite era vendido para a antiga Laticínios Ivoti”, comenta Lirio.

O avô de Lírio, Cristiano von Mühlen, nasceu na 48 Alta, assim como os seus irmãos. A casa foi construída em 1870 pelo bisavô, com a ajuda de vizinhos. “Naquele tempo era assim, todos se ajudavam, até na colheita”, explica o morador.

 

TIO-AVÔ

Lírio lembra de várias histórias do pai e seus tios quando eram crianças, e mantém junto com a família a antiga, que tinha a cozinha separada da parte principal. Na frente era a marcenaria do seu tio-avô, Carl von Mühlen, que passou um período na Alemanha, de onde escreveu uma carta (em alemão) que é mantida até hoje numa moldura, acompanhada da tradução. Lá ele auxiliava um pastor e aprendeu a marcenaria, ofício que permitiu fazer rodas de carretas, arados, máquina para plantar milho e outros objetos. Uma dessas máquinas chegou a ser exposta e vendida em São Leopoldo.

De volta ao Brasil, além de auxiliar na construção das igrejas Luterana e Católica do município, ajudou a fazer a igreja Luterana de Dois Irmãos. Também foi professor e exerceu atividades pastorais em Três de Maio.

 

A casa da família foi construída em 1870 (Crédito: Cândido Nascimento)

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