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Diário Rural: com chegada do frio, aumenta procura por lenha
São José do Hortêncio – A chegada do frio acende no imaginário popular a busca por recursos que tragam aquecimento, aconchego e bons momentos entre amigos e familiares. Dentro deste conceito, é comum citar o calor bem-vindo de uma lareira, ou ainda àquela comida preparada em um fogão à lenha.
Os anseios impulsionados pelo inverno movimentam um mercado que gera um retorno interessante a muitas famílias rurais da região, que aproveitam o curto período do ano para providenciar o corte da acácia e eucalipto, que são vendidos em forma de lenha.
Pelo interior, é fácil encontrar verdadeiras barreiras de madeira às margens das estradas vicinais. E uma das propriedades que é referência na produção e venda do produto é a de Laurício José Koch, localizada no Campestre. O agricultor, que tem como principal fonte de renda a comercialização de aipim, aproveita a época para fazer o corte da madeira e comercializar.
Koch garante que não planta a acácia, porém faz o corte, cuida do tratamento da madeira para evitar a contaminação ou ataque de pragas, além de embalar o produto. “Vendo geralmente para os mercados. Tenho alguns clientes diretos também. É uma atividade sazonal para mim, já que a procura é mais focada no inverno, e se trata de um complemento interessante da renda”, aponta.
Uma atividade prazerosa
Laurício aparenta realizar a atividade mais pelo prazer do que propriamente um ofício o qual precisa para viver. “Venho para o sítio da minha mãe quatro vezes por semana e trabalho só pela manhã. É prazeroso e não importa as condições do clima. Até prefiro trabalhar nisso em dias de chuva”, acrescenta. Sobre o manejo da cultura, não há grandes empecilhos e dificuldades para ofertar uma boa lenha. “Basicamente ela tem que estar seca para o corte e embalagem”, assegura Koch.
De acordo com o produtor, ele corta em média três metros de acácia pela manhã, que lhe rende 120 sacos por dia. Cada embalagem de 10 quilos sai a R$ 8, enquanto o saco de 25 kg custa R$ 20. “A venda inicia em abril, quando começa a esfriar. Na semana passada, por exemplo, entreguei 120 sacos. E o meu produto é ótimo, pode ser usado em fogão à lenha, lareiras e fornos indústrias de restaurantes, apenas para citar algumas finalidades”.
Um complemento interessante
A venda da lenha in natura não é um segmento de grande representatividade econômica no município, porém se constitui em uma oportunidade para as famílias aproveitarem um período curto do ano para rentabilizar lucros. O que é apontado por Laurício Koch é um cenário confirmado pelo chefe do escritório da Emater, o engenheiro agrônomo Hector Santiago Eder.
Para ele, a comercialização de lenha não se equipara a produção de carvão, esta com uma parcela de participação econômica maior no município, mas é uma saída interessante aos produtores. “Não tem o apelo econômico da citricultura ou olericultura, mas por uma questão cultural – ligada às raízes alemãs – tem boa aceitação e apreço entre os produtores”, destaca.
O engenheiro aponta que o produtor pode completar toda a cadeia de produção da lenha, realizando o plantio da acácia e eucalipto até ser encaminhados para o corte, como pode adotar o modelo de Laurício, que adquire de terceiros e cuida apenas do trato da madeira para encaminhar ao consumidor.
“Porque a primeira modalidade só é interessante para quem tem muitos hectares plantados, pelo tempo que leva para o desenvolvimento. O retorno para quem tem pequenas propriedades é mais vantajoso quando a madeira é adquirida para o corte, pela baixa valorização do produto”, finaliza.