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Bombeiros Voluntários brigam na justiça pelo uso do 193

26/01/2021 - 10h53min

Em Nova Petrópolis, o serviço está funcionando (Créd.: Dário Gonçalves)

Estado – A Associação dos Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul (Voluntersul) está brigando para voltar a ter acesso ao telefone de emergência 193. O serviço está inativo em seis cidades desde o Natal, atrasando atendimentos e colocando comunidades em risco. Por conta disso, a Voluntersul entrou com uma ação na Justiça contra a operadora de telefonia Oi para que ela restabeleça as linhas de emergência em Três Coroas, Rolante, Igrejinha, Candelária, Agudo e Teutônia. O processo entrou pela comarca de Nova Petrópolis.

Desde o Natal, chamadas de emergência nos seis municípios não chegam aos Bombeiros Voluntários. As ligações caem nos quarteis de Bombeiros Militares de cidades próximas, que repassam as ocorrências para as cidades de origem ou pedem que as pessoas liguem para os números das unidades voluntárias (não gratuitos). Assim, o tempo de espera de quem precisa tem mais que dobrado. “Já tivemos atraso sério em atendimento de incêndio, mas o temor maior é de que alguém acabe morrendo pela demora na chegada de socorro”, explica o presidente da Voluntersul, Anderson Jociel da Rosa.

Em Igrejinha, Três Coroas e Rolante, o problema se torna maior porque os municípios não contam com serviço de Samu. Dessa forma, são os bombeiros voluntários que se encarregam dos casos de atendimentos com ambulância e socorristas. Somadas, as corporações voluntárias dos seis municípios afetados somaram cerca de 8,5 mil ocorrências atendidas pelo 193 de suas sedes em 2019. Os números de 2020 devem ser fechados este mês.

Bombeiros Voluntários em ação de resgate (Créd.: Dário Gonçalves)

Ordem veio dos Bombeiros Militares

Notificada extrajudicialmente pela Voluntersul, a Oi enviou um ofício em resposta informando que o desligamento das linhas foi causado por um pedido do próprio Estado para que os bombeiros voluntários ficassem sem o 193. Inicialmente, o Corpo de Bombeiros Militar se manifestou dizendo que a atitude seria porque as unidades voluntárias seriam consideradas irregulares.

O problema estourou em Igrejinha, Três Coroas e Rolante, no Natal. Os municípios do Paranhana tiveram casas destelhadas por fortes ventos, o que fez com que os moradores mais desesperados com a chamada do 193 caindo em Taquara fossem direto ao quartel dos voluntários pedir socorro.

Com a repercussão das consequências, o comandante dos Bombeiros Militares do Estado, coronel Cézar Eduardo Bonfanti, encaminhou um ofício à Oi declarando que poderiam manter o serviço 193 nos quartéis voluntários e pedindo que a companhia restabelecesse o serviço. Alguns dos quarteis tiveram o serviço reestabelecido para linha convencional, mas não para celular. E outros continuam sem.

Voluntários querem garantir os atendimentos

Conforme o presidente da Voluntersul, o processo é, tanto para ela acelerar o restabelecimento do sistema, quanto para garantir que outras linhas não sejam desligadas. Isso porque o pedido de desligamento do 193 nas unidades voluntárias abrangia as 15 corporações voluntárias (entre as 54 associadas à Voluntersul) que contam com a linha de emergência. Onde consta, por exemplo, o quartel de Nova Petrópolis, que desde 1992 atende uma das mais importantes regiões turísticas gaúchas. “Deixar essas corporações sem o contato direto com a população pela linha de emergência é, no mínimo, uma irresponsabilidade”, assinala da Rosa.

O comandante dos Voluntários de Nova Petrópolis, e ex-presidente da Voluntersul, Edison Rother, disse que a Oi deu um prazo de 90 dias para religar o serviço e outras linhas não foram desligadas porque houve a intervenção neste momento. Em 2019, as 54 corporações voluntárias associadas atenderam a mais de 27 mil ocorrências diversas. Dessas, 20 mil foram nos municípios onde os moradores contam com o 193, conclui.

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