A criança vivia com o homem de 39 anos, em uma casa, no mesmo terreno onde moram outros familiares. O espaço é amplo, com açude e campo de futebol, e as moradias ficam distantes umas das outras. O silêncio da madrugada foi interrompido por gritos e sirenes de ambulância. Uma vizinha, que prefere não se identificar, conta que ouviu esses gritos.
Foi então que ela viu o homem sem roupas e falando frases desconexas:
— Ele falava de futebol e que iria mergulhar no barro, porque estava chovendo, e que iria nadar.
A mulher afirma que outros vizinhos saíram das casas para ver o que estava acontecendo e ajudaram a acalmar o homem. A Brigada Militar (BM) acompanhava a situação sem intervir, já que a princípio ele parecia estar em surto. Segundo a vizinha, o irmão dele conseguiu contê-lo.
— Depois ouvimos gritos, novamente. Fico arrepiada, porque depois soube que foi quando encontraram o corpo. O vizinho chorava muito e dizia que o menino estava gelado. Ele estava desesperado e todos nós estamos abalados — conta a vizinha, que se emociona ao lembrar do ocorrido:
— É devastador. Moramos em um lugar tranquilo e calmo. Ele era um pai amoroso e de uma família tranquila e unida. Não consigo entender.
Incredulidade e choque
O sentimento é o mesmo nas demais casas próximas da moradia onde ocorreu o crime. Pai de dois filhos, uma menina de três e um menino de seis, um vizinho que tem a identidade preservada diz que o dia nublado condiz com o que sente.
— Eu fiquei perplexo. Não estava em casa e não via pai e filho há algum tempo, mas era um cara normal, trabalhador, de uma família boa. É um dia cinza e triste. Não sei o que aconteceu e como era a vida deles, mas não consigo entender. Era uma família normal.
Outra vizinha diz que via pai e filho com frequência:
— Eles jogavam bola. Brincavam. Ele era um pai carinhoso. Não acho que ele tivesse envolvimento com droga. Estou em choque — diz a mulher, mostrando as mãos tremendo:
— É uma tragédia que não vou esquecer tão rápido.
O pai do menino foi preso em flagrante. A delegada Deise Ruschel, de Bento Gonçalves, é responsável pelo caso. Ela ouviu depoimentos de moradores e irá prestar esclarecimentos em coletiva de imprensa, a partir das 14h, na Delegacia da Mulher, em Bento.
Crédito: ClicRBS