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DIÁRIO RURAL: Conheça a jovem de 15 anos que pretende seguir na agricultura

07/08/2019 - 18h07min

Atualizada em 08/08/2019 - 09h53min

Morro Reuter – Muitos filhos de agricultores crescem com o desejo de estudar para um dia ir trabalhar na cidade, deixando para trás a lida na roça. Mas não é isso que pensa a Bruna Eduarda Arnold, de 15 anos, moradora da localidade de Morro do Pedro. Ela é filha de Daniel Arnold e Rosimere Puhl e sua família cultiva hortaliças para entregar três vezes por semana em mercados e fruteiras na Região Metropolitana, em especial Esteio, Sapucaia e Canoas. Atualmente Morro Reuter tem cerca de 40 famílias que produzem hortaliças e as regiões do Birckenthal e Morro do Pedro são as que concentram a maior quantidade desses produtores.

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A adolescente divide seu tempo entre os estudos e ajudar os pais na propriedade da família de 15.000 m². “Desde sempre eu quis permanecer na agricultura. Os serviços são automatizados e isso facilita bastante. Sempre tive bastante incentivo dos meus pais. Aqui eu poderei ter controle sobre a própria produção e vendas. O agricultor faz seus próprios horários e regras, além disso, acredito que dar continuidade à propriedade que hoje é da minha família também é uma maneira de valorizar o esforço que os meus pais tiveram para construir”, afirma Bruna. “É muito bom saber que ela vai dar continuidade ao que estamos fazendo. Ela já vai pegar encaminhado e vai manter. Isso é um orgulho para nós como pais”, afirmam os pais.

Estudar é importante

Bruna cursa o 1º ano do ensino médio na Escola Estadual João Wagner. Mesmo querendo seguir na agricultura ela não pretende parar de estudar. Pelo contrário, sabe da importância de ir em busca de novos conhecimentos. “Acredito que a qualificação é muito importante. Futuramente pretendo fazer cursos para me profissionalizar na minha área. A tecnologia está aí e é preciso saber utilizar o que de melhor ela pode nos oferecer”, destaca.

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Inclusive a propriedade da família será a primeira do município a trabalhar com o Selo de Rastreabilidade para a produção de hortaliças. Com isso, cada caixa de verdura que sai terá um código “QR Code”, que apresenta todo o histórico de produção daquele lote e assim oferecerá acesso às informações para o consumidor. “Já passou o tempo em que o agricultor não tinha que estudar. Hoje precisa ter tanto estudo quanto os outros. A gente precisa saber administrar a propriedade”, afirma. Atualmente o município possui 22 famílias dentro do Programa de Gestão da Agricultura Familiar e a família de Bruna é uma delas.

A decisão de Bruna enche de orgulho os pais. (foto: Rogério Savian)

Investimento na agricultura

Pedrinho Becker, presidente do Sindicado dos Trabalhadores Rurais, destaca que hoje o jovem tem facilidades no acesso aos créditos. “O exemplo que a gente vê é justamente aquilo que precisamos ter. A consciência dos pais, onde eles mesmos possam manifestar o interesse dos filhos em permanecer. Se os pais não valorizarem e incentivarem os filhos, colocando-o junto para decidir e dividir a renda, o jovem se desestimula e vai tentar ir para a cidade”.

O extensionista rural da Emater, Evandro Knob, destaca que é importante investimentos. “Ter políticas públicas que levem qualidade de vida ao agricultor é fundamental. Nisso está luz de qualidade, a internet, as estradas. A gente viu o exemplo dessa propriedade que precisa da internet para fazer a rastreabilidade e os próprios pedidos dos produtos. Nisso os jovens ajudam muito os pais, melhorando os negócios”.

No município, em 2018, foram encaminhados 118 projetos de credito rural, num valor global de R$ 11.442.000,00. Em 2019, até o início de agosto, tinham sido encaminhados 61 projetos, totalizando R$ 6.644.000,00.

Pedrinho e Evandro destacam a importância da sucessão familiar na agricultura.(foto: Rogério Savian)

Valorizar a atividade

Pedrinho acredita que no município sejam cerca de 100 jovens com interesse em permanecer no campo. “Se tivéssemos essas tecnologias há 30 anos, muitas pessoas não teriam migrado do campo para a cidade. Hoje tem maquinas para praticamente tudo e isso facilita o trabalho”. Para Evandro uma das coisas fundamentais para a sucessão é a valorização da atividade do agricultor. “Alguns anos atrás a gente ouvia os pais dizerem ‘a agricultura não dá’. Que vão ‘vale a pena’. E daí o filho crescia ouvindo isso e não ia querer permanecer no campo. Hoje você já vê os pais querendo que eles fiquem e também a sociedade em geral valorizando a atividade do agricultor. Isso acaba motivando mais eles a ficarem. A renda hoje, com a diversificação da atividade, consegue ser até maior na agricultura do que para quem trabalha na cidade. Outro ponto importante é a diversificação de cultura que vem tendo em nosso município. Está saindo da acácia e migrando olericultura e aviários, que exigem bastante mão de obra, mas não é tão forçado. São atividades que dão uma boa renda, tanto para as famílias quanto para o município”.

Bruna e a mãe Rosimere. (foto: Rogério Savian)

 

 

 

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