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DIÁRIO RURAL EM VÍDEO: Produção de schmier em Presidente Lucena é praticada há três gerações
Presidente Lucena – De uma pequena fabricação de schmier colonial para consumo familiar, passando mais tarde para a venda em baldes para armazéns. A ideia inicial foi agregar renda junto à venda de frutas e verduras.
A família Kehl evoluiu de 700 quilos para 30 toneladas ao mês. Eles estarão presentes na 14ª Schmierfest, que acontece neste final de semana.
Localizada na Nova Vila, a fábrica de schmier tem como carro-chefe de vendas o doce que leva a cana-de-açúcar como matéria-prima, misturando com a batata-doce.
São 14 diferentes tipos de schmier, incluindo o doce de cana, uva, goiaba, figo, morango, abacaxi, laranja, pêssego, batata-doce com coco, maçã e banana, entre outros. Também são fabricados dois tipos de melado: colonial e batido. O colonial é o tradicional, feito no tacho, e o batido é acrescentado açúcar.
TRADIÇÃO
Quem começou a produção foi o casal Ernesto Kehl (em memória) e Melita Kehl. Eles tiveram três filhos e todos se envolviam na produção. No decorrer dos anos, a filha Alzira se desligou da empresa e, anos depois, foi a vez de Frederico Kehl seguir seu próprio empreendimento, ficando apenas Claudio e sua família.
Hoje, o produto é vendido em Presidente Lucena, na Encosta da Serra, Vale do Sinos e Paranhana. A produção diária varia de 1.500 a 2 mil quilos, alcançando até 30 toneladas/mês.
O bom exemplo do avô
Gisleine enche os olhos de lágrimas quando fala do avô, Ernesto Kehl, falecido há alguns anos, e que foi um grande exemplo de vida e honestidade para ela.
“Ele marcou muito para mim, pois foi uma pessoa muito trabalhadora e honesta, que sempre me ensinou coisas boas”, relata a jovem empreendedora.
Ela conta que, no início, o produto era vendido em baldes de 20 quilos, e que a produção ganhou um impulso a partir da aquisição de máquinas.
Formada em Administração, ela e os irmão Douglas e Victor assumiram os negócios junto com o pai. “Mesmo sendo uma empresa familiar, o que é complicado, a gente vai enfrentando os obstáculos e trabalhando juntos. E também buscando melhorar a infraestrutura e a qualidade dos nossos produtos”, conclui a jovem.
Avó ajuda até hoje na produção
A mãe de Claudio, dona Melita Kehl, 77 anos, atua até hoje na empresa, ajudando a descascar batata-doce. É ela quem conta à reportagem que a família trabalhava com produção de verduras e depois decidiu vender os baldes de schmier em armazéns.
A nora de Melita, Ângela Kehl, traz de casa o sobrenome Hanauer. Os pais eram naturais de Capela do Rosário, em São José do Hortêncio, depois mudaram-se para a 48 Alta em Ivoti e, mais tarde, para Picada 48 Baixa, em Presidente Lucena.
Ângela também tinha a tradição de trabalhar na agricultura e desde os 12 anos começou a trabalhar na fabricação de schmier, em outra empresa. Em 1991, ela e Claudio casaram e ela ingressou na empresa da família Kehl.
Alguns jovens optam em dar continuidade aos negócios
A sucessão rural é um antigo tema de debates nas entidades apoiadoras dos pequenos produtores familiares rurais. Muitos abandonam o campo para estudar e seguir profissões que escolheram por acharem difícil trabalhar na roça.
Claudio e Ângela tem três filhos: Gisleine, 26, Douglas, 21 e e Vitor, 13. A parte administrativa é feita por Gisleine. O noivo dela, Elington Schmitzhaus, é motorista da empresa.
“Eu me sinto orgulhosa por fazer parte dessa empresa familiar. Somos a 3ª geração e, um dia, quero que os meus filhos sigam nesse ramo”, comenta Gisleine.
Pequenos empreendedores precisam de apoio
Segundo a gestora da empresa, Gisleine, no começo da produção, havia um moedor de cana movido por bois, sendo necessário comprar um moedor automático.
Com o passar dos anos, foi necessário adquirir equipamento para misturar os produtos, moer, colocar a schmier no pote, etiquetar e embalar.
A empresa tem conta no Sicredi desde 2016. Gisleine Kehl comenta que o apoio do crédito aos agricultores e aos pequenos empreendedores é muito importante. “Os juros baixos facilitam para os colonos em geral”, comenta ela.