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“Estamos cientes de que a economia precisa funcionar, senão as consequências serão outras”, afirma o prefeito de Dois Irmãos, Jerri Meneghetti
Por Cleiton Zimer
Dois Irmãos – A pandemia faz parte das nossas vidas há mais de um ano. Ao contrário do que se pensava lá no início, onde se calculava que o cenário ficaria mais tranquilo com o passar do tempo, os desafios estão aumentando dia após dia. Diante das novas variantes do vírus a doença ficou ainda mais severa e os casos dispararam atingindo até mesmo pessoas jovens e sem qualquer comorbidade. Restrições foram adotadas na tentativa de conter a propagação do vírus e desafogar o sistema de saúde, mas, em consequência disso, a economia foi ainda mais fragilizada; comerciantes e prestadores de serviços que ainda estão de pé sofrem com incertezas diárias.
Entre o que vem de cima e as necessidades da população estão os prefeitos. São eles que estão próximos à comunidade e sentem na pele os extremos entre um sistema de saúde colapsando e uma economia que precisa girar para não decair. Cabe a eles, dessa forma, buscar um ponto de equilíbrio. Como fazer isso?
A organização federativa entre os Poderes
O prefeito de Dois Irmãos, Jerri Meneghetti (PP), analisa que conduzir um município durante uma pandemia, por si só, é difícil, pois não se viveu algo dessa proporção nas últimas gerações. “Agora, com as circunstâncias em que nosso País se encontra é pior ainda, porque temos um presidente que diz uma coisa, um governador que diz outra, e temos um STF que está começando a tomar decisões invadindo as prerrogativas do Executivo e Legislativo”.
Jerri afirma que a organização federativa entre os Poderes está tornando tudo mais difícil e que estão fazendo o possível para buscar um ponto de equilíbrio. “Estamos cientes de que a economia precisa funcionar, senão as consequências serão outras, inclusive prejudicando o próprio atendimento na saúde”, afirma, defendendo que os altos índices de contaminação não se dão dentro dos pequenos comércios. “E são os que mais estão restritos e pagando por essa situação toda, não podendo funcionar nas últimas semanas. Sabemos disso e por outro lado temos os órgãos de controle nos obrigando a cumprir os decretos estaduais”
Falta de leitos
O prefeito fala do colapso no sistema de saúde do Estado, dizendo que é muito sério e que chegaram ao ponto de não ter leitos de UTI para encaminhar pacientes. “Tivemos que montar um atendimento no nosso hospital equivalente ao de UTI, não com toda estrutura, pois teria que ter muitos outros serviços, mas para dar um suporte de vida para os pacientes até surgir uma vaga”. Após serem mantidos no município, todos os pacientes em situação grave conseguiram leitos.
Trabalho de conscientização
O ideal seria, afirma Jerri, que todos tivessem a responsabilidade e compromisso para evitar as contaminações. “Eu acredito que com isso as pessoas poderiam trabalhar. O problema é que muitos não adotam os cuidados”, afirma, destacando que, dessa forma, muitas vezes se tornam compreensíveis as medidas mais duras do governo estadual. “Trabalhamos na conscientização. Temos poucos fiscais e a Lei 173 restringe o aumento de despesas com funcionários. A gente faz o que está ao nosso alcance, sempre buscando primeiro orientar e, em último caso, punir”.
O prefeito destacou a possibilidade de aplicação do artigo 268, que resulta em multas mais severas a quem não está respeitando as medidas. Defende, ainda, a necessidade do governo estadual auxiliar mais orientando e aparelhando a Brigada Militar.