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Facebook e Twitter dizem que Bolsonaro não pagou por impulsionamento

13/11/2018 - 17h58min

O Facebook e o Twitter disseram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que as contas oficiais do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), nessas duas plataformas não contrataram impulsionamento de conteúdo durante a campanha. As manifestações das empresas foram encaminhadas ao TSE no âmbito da prestação de contas das companhias, que será analisada pelo tribunal. Já o Google informou que a campanha de Bolsonaro gastou 1.000 reais para impulsionar conteúdo na plataforma de buscas.

Em nota, o WhatsApp afirmou que “opera um aplicativo de envio de mensagens privadas e, portanto, não ‘impulsiona conteúdo na rede mundial de computadores’ em favor de qualquer partido político. Logo, o WhatsApp não foi contratado pela campanha do presidente eleito”. Também disse que, por essa razão, não possui as informações requisitadas pelo TSE.

As manifestações das empresas foram encaminhadas após o relator da prestação de contas, ministro Luís Roberto Barroso, atender a um pedido de área técnica do TSE e determinar que as principais plataformas apresentassem informações sobre a contratação ou não desse tipo de serviço.

Nas informações prestadas ao TSE, o Twitter ressaltou que as políticas de anúncios da empresa “não permitem a contratação de impulsionamento de propaganda eleitoral para as campanhas direcionadas ao Brasil”. O Facebook acrescentou que o serviço também não foi contratado para o Instagram, controlado pelo gigante das redes sociais.

No mês passado, o corregedor-nacional da Justiça Eleitoral, ministro Jorge Mussi, decidiu abrir uma ação de investigação no TSE pedida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para que sejam investigadas as acusações de que empresas compraram pacotes de disparos em larga escala de mensagens pelo WhatsApp contra a legenda e a campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República.

O processo foi aberto após o jornal Folha de S. Paulo publicar que empresários bolsonaristas pagaram para disseminar notícias falsas contra o PT e Haddad por meio do WhatsApp.

A legislação eleitoral permite a contratação desse tipo de serviço. O impulsionamento de conteúdo é considerado gasto eleitoral e deve ser devidamente identificado na internet, exclusivamente contratado por partidos políticos, coligações ou candidatos — a prática é vedada a empresas.

Case mundial

A campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) converteu o prosaico WhatsApp em ferramenta central de mobilização de eleitores e divulgação de ideias do candidato e críticas a adversários. O aplicativo de mensagens foi um dos – se não o principal – responsáveis pela tração à candidatura do deputado, que largou na disputa presidencial sem estrutura de campanha e partidária e é, a dois dias do segundo turno, o favorito para ser o próximo ocupante do Palácio do Planalto, como apontam pesquisas eleitorais Ibope e Datafolha.

Para o professor de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo) Pablo Ortellado, que tem entre seus objetos de pesquisa o WhatsApp, redes sociais e notícias falsas, o protagonismo do aplicativo na campanha de Bolsonaro será estudado por políticos do mundo todo e tende a ser reproduzido em disputas em outros países.

“O WhatsApp já tinha sido marginalmente importante em outras eleições, como na do México em julho, mas não estruturalmente. O fato de uma das campanhas estruturar toda sua estratégia em torno do WhatsApp é novo. Ninguém estava preparado para esse fenômeno. A campanha brasileira seguramente vai ser estudada no mundo todo e muita gente vai querer copiar a estratégia do Bolsonaro, sobretudo na América Latina”, diz Ortellado.

O empenho em bombardear com mensagens os grupos do “Zap” esteve para a campanha bolsonarista assim como a dedicação na busca por acumular o maior tempo de televisão possível esteve para a de Geraldo Alckmin (PSDB), que se aliou aos partidos do chamado Centrão para se tornar dono de cinco minutos diários no horário eleitoral no primeiro turno.

O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidenciável, já disse participar de “milhares de grupos” no aplicativo de mensagens. Sua conta no WhatsApp chegou a ficar suspensa durante três dias por “comportamento spam”. Seu irmão Eduardo Bolsonaro, deputado mais bem votado da história do País, com 1,8 milhão de votos em São Paulo, integra quase 1.000 grupos.

Senador mais votado em São Paulo, com 9 milhões de votos, o deputado Major Olímpio (PSL) participava de 897 grupos no aplicativo no início da campanha e a terminou dentro de “mais de 1.000”. “Ele [Bolsonaro] ensinou que temos de responder aos grupos de WhatsApp e divulgar notícias para nos enaltecer ou nos defender”, relatou o pesselista.

Alckmin recebeu 5 milhões de votos, cerca de 10% dos 49,2 milhões de votos no capitão reformado do Exército.

Fonte:OSUL

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