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Giovani Eich: “Dois Irmãos que eu vi !”

13/09/2019 - 06h41min

Atualizada em 13/09/2019 - 14h15min

Dois Irmãos –  “Como muitos de minha geração, trabalhava-se no atelier de calçados (quando criança). E não havia exploração, havia a possibilidade de enxergar que somente através do esforço, conquistaríamos algo”

Escrever sobre a cidade que eu nasci e vivo, defino como um privilégio e desafio: Dentre tantas situações, acontecimentos que se tornaram e fazem história de nossa Dois Irmãos, lembro com carinho e de muita saudade uma rotina que me acompanhou por algum tempo.

Os partidos políticos daqui e mais um deputado de Dois Irmãos que a gente “descobriu”

Nasci em 1977 e vou a partir desta compartilhar o que os meus olhos viram e o que a memória revela. De pequeno, uma rotina simples, pela manhã: estudar. A importância do estudo representada muito mais pela insistência dos pais. E, com o tempo e somente o tempo nos permitiu compreender, a necessidade de buscar conhecimento e permanente aprendizado.

Dois Irmãos tem 1º brasileiro com certificação internacional em PNL

Diariamente, a tarde, acompanhava os pais no trabalho do calçado, mais precisamente, como muitos de minha geração, trabalhava-se no atelier de calçados, uns de costura, outros faziam o chamado “pré” e assim fomos compreendendo o valor do trabalho. E não havia exploração, não, havia, sim, a possibilidade de enxergarmos que somente através de nosso esforço, conquistaríamos algo ou alguma coisa para a nossa vida, e, através dos estudos, melhores possibilidades seriam possíveis.

Particularmente, o atelier era de meus pais (uma característica à época, pequenos atelieres em peças, garagem junto as residências) e isto exigia um pouco mais de comprometimento, e, como muitos, uma bicicleta, sim, uma bicicleta, era o “veículo” para distribuir os lotes de sapato que precisavam ser produzidos por pessoas que trabalhavam fora do atelier. Eram preparadeiras, costureiras, trançadeiras e demais funções ou etapas do calçado.

Na emergência, a mesma bicicleta era importante para levar o sapato ou parte dele às nossas indústrias na necessidade de cumprir o prazo para o embarque.

Lembro de ruas de chão batido, estreitas e daqui a pouco começava-se a colocar pedras / paralepípedo (terminava o pó e barro) assim como no Centro e daqui a pouco a novidade: o asfalto em vias principais.

LEMBRANÇAS DO COMÉRCIO

Das lembranças do nosso comércio, em sua maioria casas familiares, passando de geração em geração. O Mercado Blauth, onde o seu Sírio, popular Téx, tinha sua mesa logo a esquerda quando se entrava no mercado; seu João Fuhr, estabelecido numa rua Sapiranga estreita, tinha a representação da Farinha Nevada, se não me engano. No armazém do “Schmitt Nácio”, destaque ao baleiro – em cima do balcão, cheio! – que encantava os olhares mais ingênuos e costumeiramente nos brindava com uma bala e pirulito, então, era uma festa.

O depósito da Antarctica – dos Blume – onde, na minha idade, apreciava-se entre a guaraná Antarctica e o saudoso e saboroso refri Baré Cola em garrafa de 600 ml, enquanto me impressionava uma pilha de barris de madeira e imaginava: “refri em madeira?” Só mais tarde fui conhecer por chope.

Em termos de lojas de eletro, a primeira lembrança a loja Herval, onde negociava-se o preço final com o Paulets Lauxen. Em matéria de confecções, os comércios Casa Rausch, Casa Lori, Holler e, mais adiante, a novidade, Michele Modas, um estilo já mais inovador para aquela época.

O CRESCIMENTO

Vi uma Dois Irmãos crescer pela vinda de migrantes, muita gente buscando uma oportunidade de trabalho, de formar família, de crescer junto a uma comunidade.

Vi uma Dois Irmãos com desenvolvimento, pleno emprego a ponto de buscar na colônia (interior) jovens para a indústria.

Vi uma Dois Irmãos se mobilizar pelas suas Igrejas e fazer verdadeiros mutirões.

Vi uma Dois Irmãos lotando suas festas e crianças se divertindo com bolãozinho, aviãozinho, “truff Jacó”.

Vi uma Dois Irmãos velando os seus na Antiga Igreja Matriz.

Vi uma Dois Irmãos se unindo e reunindo em casas de famílias rezando e fazendo novenas.

Vi uma Dois Irmãos nos braços das irmãs, enquanto na administração do Hospital, visitando os pacientes e rezando por estes.

Vi uma Dois Irmãos desenvolver-se com pequenos negócios, que hoje se tornaram grandes empresas.

Vi uma Dois Irmãos se organizar em clubes, grupos e associações buscando entretenimento, esporte e diversão.

Vi uma Dois Irmãos abraçar causas sociais belíssimas e dar testemunhos para o mundo.

Vi uma Dois Irmãos chorar por perdas de pessoas muito queridas na comunidade que levaram e levam anos para cicatrizar, de lideres a anônimos que tinham Dois Irmãos como um lar.

Vi uma Dois Irmãos ter rivalidade no esporte amador, de pequenas a grandes provocações nas segundas-feiras após a rodada de domingo.

Vi uma Dois Irmãos se reunir nas sociedade e celebrar suas maiores datas em especial o Kerb de São Miguel, predominava o encontro de famílias e nas casas as visitas dos parentes.

Vi uma Dois Irmãos modesta crescer, de gente simples, gente trabalhadora e empresários sérios e competentes.

ORGULHO

Chegando nestes 60 anos, que a nossa geração tenha muito carinho e orgulho de nossa história, respeito aos antepassados e comprometimento em preservar nossas tradições. Não menos importante, assim como nossos antepassados tiveram a coragem de fazer história que hoje reverenciamos, que a gente possa escrever nossa história para as próximas gerações.

Hoje, as oportunidades e desafios são outros, manter o espírito comunitário e voluntário que está no DNA de nossa gente conciliando com a tecnologia e modernidade dos tempos atuais pode tornar Dois Irmãos ainda mais um Doce de Cidade.

Que a nossa geração tenha num futuro logo aí adiante igualmente algo a contar, de nos emocionar e enxugar uma lágrima ao poder afirmar: Valeu a Pena Sim !! – “Nha Khe Visss”.

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