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Internado com Covid, morador perdeu 10 quilos em oito dias em Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – O novo coronavírus chega, ataca, e não se sabe a força que tem até que os sintomas apareçam. Não é a mesma coisa para todas as pessoas. Alguns, não sentem nada; outros, tem sintomas leves; há os que ficam em estado grave e, isso, é o que mais preocupa famílias e autoridades.
José Nilson da Silva, 51 anos, morador do bairro Amizade, sentiu na pele as consequências da forma mais severa da doença. Ficou internado no Ambulatório 12 de Maio por oito dias e, com 90% do pulmão comprometido, perdeu 10 quilos nesse período. Ele, que sobreviveu à casa levada por um tornado em 1990 na Ferraria, acidente, e outras situações, era costumando a andar vários quilômetros de bicicleta e estava com a saúde em dia. Jamais imaginou passar por um período tão difícil em sua vida. “Eu não acreditava nisso, sabe. Não acreditava na força do vírus”, disse, alguns dias depois de sair do Ambulatório.
Não lembra como foi socorrido
A família toda contraiu o vírus no início de março. O filho, filha e esposa tiveram sintomas, porém não tão graves. Somente Nilson foi acometido da forma mais severa. “No sábado estava mal, tinha ido no médico e me disseram que era problema na vesícula. Naquela noite o mal estar continuou e, no domingo a gente fez comida e não senti mais o gosto”. Ele desmaiou em casa duas vezes e foi internado naquela manhã, sendo levado na maca com ambulância, desacordado. Ele não se lembra de como chegou ao Ambulatório. Lá, perdeu a consciência mais uma vez.
A força da família e orações
Ficou em um leito ao lado da família, o que lhe deu forças para superar o sofrimento. “A pior sensação era tentar respirar e não achar ar. O desespero é grande”, lamentou. Médicos tentavam, o tempo todo, conseguir leito avançado se o quadro se agravasse. “Graças a Deus não precisei de UTI. Se fosse, não poderia ver minha família, ficaria sozinho. E fui justamente a minha família que me dava forças naquele momento”, lembrou emocionado, dizendo que recebeu orações de diferentes cantos do Brasil.
Devido à pouca oxigenação, Nilson escutava de longe as pessoas conversando e lembra com pavor os médicos falando que, em um dia, 40 pessoas tinham feito o teste. “O sino tocava e o medo aumentava”. Ficou preocupado o tempo todo que seu filho que é especial desenvolvesse sintomas mais graves.
“Não brinquem”
Nilson se salvou. Hoje, todos estão bem e seguem se cuidando. Ele agradece o empenho de todos os profissionais da saúde e as orações que recebeu. Também alertou: “Que as pessoas se cuidem. Não brinquem. É coisa séria”.
Sintomas leves
Liane Horlle, 47 anos, mora em Padre Eterno Baixo e contraiu o vírus. Ficou isolada por duas semanas com a família e teve sintomas leves. “Só sentia mal estar, dor no corpo e muito cansaço”, disse. Não ficou com febre, nem tosse. O marido, Pedro, de 42 anos e a filha de 10 anos não sentiram sintoma algum, dessa forma, também ficaram isolados mas não fizeram o teste.
Ninguém está livre
O doutor Mauro Nör Billodre explica que ninguém está livre de contrair a Covid-19, nem mesmo os jovens e atletas. “O que se sabe é que pessoas mais idosas e com comorbidades como hipertensão, diabetes e doenças pulmonares estão mais suscetíveis a apresentarem sintomas graves e necessitar de internação hospitalar”, disse, mas o mesmo pode acontecer com quem não tem nenhuma comorbidade.
Mauro explica que pacientes que contraíram o vírus devem aguardar 30 dias do início dos sintomas para poderem se vacinar. Confira alguns perguntas feitas ao médico sobre a vacina:
Após ser vacinado estaremos 100% seguros?
Mauro: “Infelizmente não. A vacina promete reduzir em muito a gravidade da doença e com isso reduzir o número de mortes. Ao receber a vacina o esperado é desenvolvermos uma resposta imunológica que cria anticorpos, como se fossem criados “soldados” prontos para atacar a doença quando ela surgir. Quando não temos “soldados” prontos a doença age mais rápido de forma devastadora”.
Após se vacinar podemos andar sem máscaras e sair?
Mauro: “Infelizmente não. Devemos manter os cuidados de higiene e de máscara em ambientes públicos. A vacina é uma das medidas mais importantes para se reduzir a gravidade com que a Covid-19 acomete as pessoas e também reduzir as mortes”.
Quanto tempo dura a imunidade da vacina?
Mauro: “De acordo com a OMS, ainda há muitas incógnitas em relação à maioria das vacinas candidatas contra a Covid-19. Ainda não sabemos quanto tempo dura a proteção conferida pelas vacinas autorizadas para uso emergencial. Essa e outras perguntas serão respondidas nos próximos meses, conforme forem realizados estudos mais detalhados”.
A vacinação será necessária todos os anos?
Mauro: “De acordo com a OMS, até o momento, as pesquisas para determinar a duração da imunidade conferida pelas vacinas contra a Covid-19 atualmente disponíveis seguem em andamento. Além disso, a proteção das vacinas contra as novas variantes do SARS-CoV-2 continua a ser objeto de estudo. Teremos respostas para essas e outras perguntas conforme mais estudos forem realizados nas populações vacinadas para determinar se a vacinação anual ou com periodicidade diferente será necessária”.
Como a campanha de vacinação de COVID-19 será sincronizada com as campanhas anuais de vacinação contra a gripe?
Mauro: “A OPAS/OMS recomenda que as vacinas contra a Covid-19 não sejam aplicadas ao mesmo tempo que outras vacinas, inclusive contra a gripe. Deve haver um intervalo de pelo menos 14 dias entre elas”.