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Pior crise na logística será longa e deve afetar empresas no Brasil

11/12/2021 - 13h14min

Atualizada em 05/01/2022 - 17h55min

Gilmar Weber acredita que a crise deva passar até o primeiro semestre de 2024

Falta de container e preço alto dos fretes afeta a Indústria

Por Carla Fogaça

Região- A falta de container e o preço alto nos fretes têm gerado uma das piores crises na logística a nível internacional, que afeta toda a cadeira logística do mundo. Com isso, impacta diretamente quem exporta e importa, em todos os sentidos. No início do coronavírus em 2019, os preços dos serviços caíram, tinha oferta de container e não tinha mercadoria, tudo parado. Ou seja, o que antes custava cerca de 2 mil dólares, foi para 1 mil dólar. Já em um segundo momento, os valores dispararam de 1 mil chegando a custar 17 mil dólares um frete, em container de 40 pés.

De acordo com o gerente de exportação e importação financeiro Gilmar ‘Chile’ Weber, os Portos do mundo todo estão enfrentando o mesmo problema de congestionamento, porém, é na China o local com maior acumulação. “Com o lockdown mundial e depois que o navio Ever Given ficou encalhado por seis dias no Mediterrâneo, bloqueando a passagem de uma das principais rotas comerciais do mundo, resultou em vários prejuízos”, ressalta.

ENTENDA O CASO

1 – Um container de 40 pés corresponde a uma carreta, o container de 20 pés é de um caminhão truck, por exemplo.
2 – O problema maior é na China (Ásia), porque é lá que se produz os container e se concentra a maior produção de navios, mas o congestionamento dos portos é em todo o mundo, principalmente em Tilbury, na Inglaterra, Le Havre, na França, Nova York, Miami, São Francisco e Los Angeles (nos EUA).

3 – O Brasil é player de exportação mundial, líder em exportação de commodities (como minérios, proteínas), frangos e outros, que movimentam nossos portos. Inclusive, teremos um porto aqui em Arroio do Sal, aí está uma boa novidade. E para que a exportação não seja afetada os portos de Rio Grande, de Itajaí, Navegantes e Santos precisam atender a demanda nacional.
4 – O Brexit foi a saída da Inglaterra (Reino Unido) da Zona do Euro.

Impacto da crise no mundo

A crise afeta a produção mundial, o abastecimento, e consequentemente emprego e economia, o crescimento e a demanda não suprida. Por exemplo, a GM, por falta de peças, não está entregando todos os carros que ela poderia entregar, tem carros no pátio praticamente prontos, mas que faltam peças para entregar aos clientes no Brasil ou até para exportar. “Falta de abastecimento e demanda não suprida resulta em desemprego e desequilíbrio econômico”, diz Weber. Na Inglaterra, por exemplo, chegou a faltar alimentos e combustível nos postos.

A escassez de alimentos na Inglaterra e nos EUA se deu devido à falta de motorista para abastecer os supermercados. “Não havendo motorista os container ficam parados e os supermercados sem abastecimento. A falta de combustível nos postos também intensificou o problema, que se acentuou com o Brexit, a carência de motoristas de caminhão na Inglaterra e Estados Unidos. Ou seja, sem motorista as cargas ficam paradas e o container não é liberado para ir abastecer novamente, gerando assim o congestionamento, mercadorias paradas”, explica Weber.

Existe alguma alternativa para driblar a crise?
“Enquanto os valores dos containers estão altíssimos uma alternativa é a utilização das ‘grandes sacolas’ que podem fazem embarques consolidados ou não, sem misturar as cargas entre si. O câmbio tem ajudado na competitividade da exportação, por outro lado, pressiona os custos e por consequência a inflação, que é péssimo para o poder aquisitivo da população brasileira”.

Como fica o Rio Grande do Sul no meio desta crise?
“A Europa e Estados unidos não querem ficar dependendo unicamente da Ásia, China e Vietnã. Com isso, os países da América do Sul poderão levar vantagens em exportação. Nossa região pode aumentar a exportação de calçados, móveis, utensílios domésticos e materiais para jardinagem, de todos os produtos, mais as commodities, frango, carne, proetína…”

O que tem causado o congestionamento nos portos?
“Além da falta de container e falta de navio, quando chega no destino a carga fica atracada e demora semanas para poder descarregar e carregar novamente. Por falta de container, falta de motoristas, e a diminuição de voos internacionais também retarda a saída de carga e mercadorias paradas. Por exemplo, para exportar uma carga para Nova York, estamos usando rotas alternativas. Ao invés de pegar um vôo em São Paulo para Nova York, estamos pegando um voo para Houston e, de lá, para Nova York, fazendo um triângulo para voar a carga, senão, pode ficar de 20 a 30 dias parada”.

Como vai ficar se houver uma nova onda?
“Ninguém sabe dizer, se vai ter um novo lockdown, se vão parar de comprar, isso é tudo incerto. O que temos certo, podemos afirmar taxativamente, seja no Brasil, nos EUA ou na Europa é que a inflação está em alta. Os índices americanos de inflação deram índices que há décadas não tinha mais, na Europa foi igual, então, uma nova onda, um novo fechamento a gente não sabe em que ponto isso pode afetar. Não há ainda uma projeção de como fica a situação da economia mundial, mas preocupa muito”.

Quando a crise de logística deve acabar?
“A normalização se prevê para fim de 2023 e metade de 2024, porque há muitas encomendas para estaleiros de navios. Só que isso demanda tempo, pode ser que haja uma melhora a partir de março de 2022, mas para resolver esse problema definitivamente somente quando esses estaleiros entregarem as novas encomendas destes novos navios”.

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