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Queimação na pele, náusea e cólica: voluntários que procuraram médicos relatam intoxicação após contato com óleo

24/10/2019 - 16h35min

Pessoas que ajudaram a remover o óleo encontrado nas praias de Pernambuco relataram ter sentido diversos sintomas após o contato com a substância. Ao menos 17 foram socorridas a um hospital de São José da Coroa Grande, no Litoral Sul, relatando dor de cabeça, enjoo, vômitos, erupções e pontos vermelhos na pele.

Em sete dias, foram recolhidas 958 toneladas de resíduos nas praias do estado.Segundo Antônio Carlos Barbosa, funcionário público, os sintomas apareceram logo depois do contato com o óleo, na sexta-feira (18). Ele atuou na retirada da substância no Rio Persinunga, na divisa com Alagoas.

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“Minha família vive da pesca e turismo, por isso, fui ajudar. Senti, no mesmo dia, vermelhidão e muita ardência na pele, justamente nos braços, porque não usei luvas ou qualquer proteção. Fui ao hospital, tomei um antialérgico e logo melhorei”, relatou Antônio.

O coordenador da Defesa Civil de São José da Coroa Grande, Ivan Aguiar, também sentiu os efeitos do contato com o óleo. Ele participou da operação para retirada do óleo desde o primeiro dia e, no segundo, passou mal e precisou ser socorrido.

Depois da medicação na unidade hospitalar, relembrou o coordenador da Defesa Civil, os sintomas desapareceram. “Tomei antialérgico e remédios para a cólica. Depois da medicação, não voltei a sentir nada. Também passamos a utilizar os equipamentos de proteção”, declarou.

Presentes no petróleo, os compostos benzeno, tolueno e xileno são extremamente perigosos a longo prazo, segundo especialista em recuperação de áreas atingidas pelo óleo. Além de alto potencial cancerígeno, a exposição pode provocar doenças no sistema nervoso central.

Sintomas respiratórios

Uma das voluntárias atendidas em São José da Coroa Grande foi a servidora pública municipal, Carla Accioly. Ela trabalhou como voluntária logo após a chegada do óleo ao município e, na quarta-feira (23), relatou que ainda tinha sintomas, mesmo após ter sido atendida na semana anterior.

“Estou há quase uma semana deste jeito, me sentindo mal. Estou com falta de ar. O cheiro é muito forte”, afirmou, ao procurar novamente o hospital.

Agente comunitário de saúde, Claudemir dos Santos Silva, de 31 anos, trabalhou ajudando as pessoas que estavam retirando o óleo da praia, na sexta-feira (18). Mesmo sem ter contato direto com o produto, disse que teve muita dor de cabeça, enjoo forte, dor de garganta e sensação de desmaio.Claudemir foi ao hospital apenas na quarta-feira (23). Ele explicou que demorou a procurar o serviço de saúde por achar que os sintomas iriam passar logo. “Como a gente trabalha em posto de saúde, acha que está tudo normal. Pedi remédio aos meus chefes e fique tomando. Como não passou, vim ao hospital agora”, afirmou.

Atendimentos

Cerca de 60% dos voluntários atendidos no Hospital Osmário Omena de Oliveira, em São José da Coroa Grande, tiveram problemas na pele, segundo o diretor clínico da unidade, Marcello Neves. “Nesse caso, as pessoas tiveram dermatite de contato, apresentando coceiras e feridas na pele, além de dor de cabeça”, explicou.

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