Tecnologia do mal: os danos causados pela exposição da intimidade

Região – As fotos íntimas compartilhadas, conhecido popularmente como “nudes”, nem sempre são respeitadas por aquele que as recebe.  Esses arquivos podem estar sendo vistos por mais pessoas sem o consentimento daquele que os enviou, e causar danos morais, psicológicos e sociais.

De acordo com a professora e doutora da Universidade Feevale, Lisiane Menegatto, esse fenômeno vem se popularizando com as redes sociais e aplicativos de relacionamento, que ameaça o privado, fazendo com que as pessoas se exponham de uma maneira exagerada. “As pessoas estão se permitindo mais hoje em dia, inclusive o corpo está sendo usado como instrumento de expressão em várias áreas. Contudo, deve-se tomar muito cuidado para que não se torne apenas uma espetacularização do nu”, descreveu a psicóloga.

Esse cuidado não ocorreu na história entre Pedro Campos* e Maria Jane* em 2015. Pedro hoje se arrepende daquela situação, que confessa ter sido estranha no começo. “Nós começamos a conversar depois que a Maria Jane me adicionou nas redes sociais. No começo enviamos somente fotos do cotidiano, até que um dia recebi uma foto dela nua. Não soube bem como reagir, ainda mais que ela já havia tido um envolvimento com um amigo meu. Preferi não investir”, relatou Campos.

Porém, o que parecia ter ficado somente entre os dois, tomou proporções que o garoto, na época do Ensino Médio, não imaginava. “Um dia o pai dela me ligou, pedindo satisfações sobre as fotos da filha dele que estavam circulando por aí. Ele então exigiu que eu tomasse alguma providência. Não sei como outras pessoas tiveram acesso, pois eu não repassei para ninguém. Foi um momento bem desagradável”, contou.

Consequências
Os danos por essa exposição são inúmeros. Segundo a psicóloga, existe uma questão de gênero muito presente nesse assunto. Enquanto que uma foto exposta de um homem o dá uma visibilidade “positiva”, o promovendo perante o público, uma mulher que tem a sua intimidade divulgada acaba sendo julgada como alguém vulgar e promíscua. “O mal-estar gerado e o arrependimento recaí muito mais em cima do sexo feminino. Quando isso acontece, a mulher acaba ficando muito mais insegura e com dificuldade de confiar nos outros novamente”, apontou.

* Os nomes são fictícios. As identidades das pessoas foram preservadas.

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