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Incêndios na Califórnia deixam 31 mortos e centenas de desaparecidos
Os incêndios que atingem o norte e o sul da Califórnia deixaram um rastro de destruição no estado, deixando ao menos 31 mortos e mais de 200 desaparecidos e obrigando mais de 250 mil pessoas a deixarem suas casas.
A fuga em massa de milhares de moradores simultaneamente causou grandes engarrafamentos nas pequenas estradas que servem ao interior do
estado e ao menos nove morreram dentro dos carros, enquanto tentavam desesperadamente escapar das chamas.
São três incêndios ao mesmo tempo, sendo o mais grave deles o Camp, ao norte, que no domingo (11) se tornou o mais mortal da história da Califórnia, igualando um recorde de 1993, com 29 mortos. Cerca de 150 mil pessoas seguem desalojadas em todo o estado.
Ao sul, na região de Los Angeles, são outros dois incêndios, sendo o maior o Woosley, que deixou dois mortos encontrados carbonizados em um carro próximo a Malibu. O outro é o Hill, que já foi 75% controlado, segundo os bombeiros.
Os três incêndios começaram na última quinta-feira (8), primeiro o Camp pela manhã (cerca de 200 km ao nordeste de San Francisco), seguido pelo Hill e pelo Woosley (cerca de 650 km ao sul).
Junto, eles já consumiram uma área de 809 km².
O Camp, sozinho, é responsável por 441km² de destruição, a maior parte disso em Paradise, uma cidade de 27 mil habitantes que foi quase inteiramente consumida pelo fogo.
A prefeita Jody Jones foi uma das pessoas que ficou presa no trânsito durante a fuga em massa, mas conseguiu escapar ilesa para a cidade vizinha de Chico, apesar do trajeto que normalmente dura 20 minutos ter sido feito em quatro horas.
Especialista no tráfego de veículos, ela disse que o grande números de incêndios recentes no estado fizeram a prefeitura planejar uma retirada em massa caso fosse necessário, mas o plano simplesmente não foi suficiente.
“Eu não acho que seja possível construir a infraestrutura necessária para fazer a retirada de toda uma cidade tão rapidamente”, disse ela ao jornal The New York Times.
O maior problema é que apenas uma estrada de quatro vias, a Skyway, liga o município ao restante do estado —situação que se repete com Malibu, ao sul, onde pessoas também enfrentaram engarrafamento durante a retirada.
Na Califórnia, Lauri Kester, outra moradora de Paradise, disse que conseguiu escapar por pouco de um destino semelhante.
“Eu tinha carros na minha frente, carros atrás de mim e chamas por todos os lados”, disse ela também ao New York Times. Para escapar, ela seguiu o conselho de um policial e abandonou o carro, fugindo a pé com o cachorro Biscuit no colo.
Outros, porém, não tiveram tanta sorte, como é o caso de Sol Bechtold, que há dias vai de hospital em hospital da região atrás da mãe, Joanne Caddy, 75. Ela morava sozinha em uma casa ao norte de Paradise que foi destruída pelas chamas e não dirigia.
“Sua mãe está em algum lugar e você não sabe onde, não sabe se ela está salva”, afirmou ele. “Eu também estou em uma nuvem negra”, disse, comparando sua situação emocional com a fumaça dos incêndios, que afetam a região. Até o momento, Joanne segue como uma das 228 pessoas desaparecidas no estado.
Os bombeiros até o momento conseguiram conter 25% do incêndio no norte da Califórnia, que destruiu 6.700 casas, mas a previsão de um aumento dos
ventos na região nesta segunda (12) pode piorar a situação.
A Califórnia vive uma onda recente de incêndios de grande proporções. Em agosto, o Mendocino, também ao norte, se tornou o maior da história do estado, atingindo uma área de 1.148,5 km² (equivalente a cidade do Rio de Janeiro), enquanto uma série de incêndios deixou 44 mortos em 2017.
E a tendência é a situação piorar nos próximos dias, em especial no sul do estado, onde o Woosley está apenas 10% contido. A previsão do tempo para região, com clima seca e fortes ventos, pode contribuir para dificultar o trabalho, disse Ken Pimlott, chefe do Departamento de Combate ao Incêndio do estado.
“Estamos realmente apenas no meio deste evento climático prolongado, este cerco de fogo”, disse ele. “Estamos nisso para o longo prazo”
Fonte: Folha de São Paulo