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Ivoti recebe iniciativa inédita para desenvolvimento de flores

12/02/2020 - 10h55min

Atualizada em 12/02/2020 - 11h45min

Equipe da PhenoGlad esteve em Ivoti para plantar mudas de Statice na entressafra (Créd. Alex Günther)

Ivoti – Uma proposta inovadora voltada para flores implementada de forma pioneira na Cidade das Flores. Esta é a missão do projeto Flores para Todos, conduzido pela Equipe PhenoGlad – núcleo da Universidade Federal de Santa Maria – e Emater/RS, que na última segunda-feira, 11, realizou o plantio de mudas de Statice na propriedade do vice-presidente da Associação de Floricultores da Rota Romântica (AFLORR), Laerte Correia da Silva.

A ideia central do projeto é promover meios de plantio da flor em sua entressafra, visando antecipar a comercialização e promover renda para os floricultores. O plantio da Statice pode ocorrer em qualquer época do ano, porém ela floresce apenas entre setembro e dezembro, prejudicando sua venda na principal data do segmento, que é o Dia das Mães.

Ivoti foi o primeiro de cinco municípios em receber a iniciativa, que também irá passar por Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Santa Maria e Vale Verde. A pesquisa é desenvolvida no método internacional “on farm”, que une pesquisa científica e extensão diretamente com o produtor no campo.

Como funciona a pesquisa

Mas como o experimento científico busca por resultados diferentes no desenvolvimento da planta? Durante três semanas, as mudas passaram por tratamento a frio em um refrigerador especial, adaptado com luz artificial, regulado a 10º. Este cenário busca alterar o desenvolvimento natural da muda.

É o que explica Nereu Augusto Streck, professor de Agronomia e integrante da Equipe PhenoGlad da UFSM. “Estas condições simulam o inverno. As mudas receberam dez horas de luz por dia em baixa temperatura, justamente para “enganar” a flor e ela ser plantada neste momento, que na teoria seria a primavera para ela”, aponta Streck.

Como ela floresce somente na primavera, o floricultor fica impedido de vendê-la in natura na principal data do ano, cenário que o estudo busca reverter. “Se conseguirmos que ela seja produzida em outra época do ano, vai ser um acréscimo financeiro considerável para o produtor”, acrescenta o professor.

De acordo com Streck, a iniciativa é inédita e busca representar um marco na produção da espécie. “Na literatura mundial voltada para este campo de pesquisa não há informações similares. Logo, é um estudo inédito. E nossa região é muito propícia para esta aplicação científica, em razão das condições climáticas”, comenta.

Uma flor boa para todos

A Statice é uma flor que requer um baixo custo de manejo, pois pode ser plantada em campo aberto, sem necessidade da estrutura de uma estufa. Ela é muito resistente ao frio e requer pouca adubação. Também é do agrado do consumidor, em razão do seu manejo após colhida, pois não há necessidade de regá-la. “O cliente gosta porque ela dura muito. Ela também é chamada de Flor Seca, justamente por não ser usada em vasos com água, e por conservar seu colorido e beleza por muito tempo. Ou seja, ela é boa para quem compra e para quem vende”, finaliza Streck.

Fé na pesquisa

Floricultor há mais de 30 anos, Laerte está confiante nos resultados da experiência. “Levo fé na pesquisa. Eles entram com o estudo científico e nós com o manejo. Tem tudo para dar certo e desta forma também estamos promovendo, futuramente, emprego e renda”, apontou.

O vice-presidente da AFLORR comenta que o plantio da Statice é uma forma de resgate, por se tratar de uma flor histórica por sua durabilidade e decoração. “Quando a exponho na Feira das Flores, por exemplo, é comum os clientes de uma certa idade comentar que a planta os remetia a infância. Era muito usada também em cemitérios, porque elas conservam sua beleza por muito tempo”, finaliza.

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