Cadernos
Acreditando no potencial de uma comunidade e realizando sonhos
Morro Reuter – Um apaixonado pela família e amigos, pelo lugar em que nasceu e cresceu. Essas são algumas palavras que definem Roque Büttenbender. Recentemente, ele e a esposa Romana se mudaram para Dois Irmãos, mas ele diz que “mesmo estando aqui, a cabeça continua lá”. Ele tem 78 e a esposa 74 anos, são casados há 45 anos e juntos construíram uma bela família, com três filhos e dois netos.
A história de Roque começa lá em Picada São Paulo, onde ele, os pais e mais nove irmãos trabalhavam na roça. Em meados de 1949 quando Roque tinha sete anos, seu pai Vicente Büttenbender abre uma fábrica de marcenaria, que se chamava Vicente Büttenbender Artefatos de Madeira que, depois, se tornou a Indústria de Esquadrias Büttenbender, uma empresa que hoje conta com mais de 30 funcionários, na qual Roque e o irmão Walter são os sócios.
“Junto com minha mãe Vilma ia para a roça, lavrava, capinava, fazia pasto… e nos dias de chuva ajudava meu pai com as esquadrias e, ali com ele, aprendi a função de marceneiro”, conta ele, que é o irmão mais velho. “Meu pai foi um grande herói”, afirma, relembrando das dificuldades de começar um negócio em uma época onde se tinha poucos recursos.
Sempre participativo, Roque foi um líder comunitário de Picada São Paulo. Esteve à frente da Juventude Agrária e Rural Católica da época, participava do clube de futebol, da diretoria da comunidade, da qual foi presidente. Tudo isso culminou em uma passagem pela política em 1977, onde através da indicação do tio e professor Edvino Utzig se elegeu vereador em Dois Irmãos pelo partido ARENA, junto com o então prefeito Norberto Rübenich, até 1982.
Ao término da legislatura optou por abandonar a carreira política, dedicando se única e exclusivamente à família e empresa, que estava no auge. “Queriam que fosse novamente para vereador, até cogitaram que concorresse para vice ao lado de João Arnildo Mallmann, mas não aceitei”, disse.
História de amor que começou pela carona de um casamento
O passado mantém resguardadas várias histórias vividas intensamente. Roque e sua esposa Romana mantêm acessa a chama que os uniu, demonstrando em pequenos detalhes o quanto se amam: olhares, palavras carinhosas ou “parabéns, tu fez um chimarrão muito bom hoje”, diz seu Roque para a esposa, interrompendo a entrevista para elogia-la, que logo retribui com um sorriso.
A história deles começou com uma carona: o primeiro veículo da empresa era uma bicicleta, com a qual seu pai visitava os clientes. Mais tarde um cliente deixou fazer esquadrias e no negócio, aceitaram uma Caminhonete Fargo na troca. Com ela, além de trabalhar na empresa transportavam pessoas.
“Era um dia nebuloso e com chuva. Albano Deimling do Bierkenthal me pediu para levar as pessoas para o casamento da filha em Novo Hamburgo, que era colega da Romana no Hospital Regina”, contou Roque.
Ao chegar no local descarregou as pessoas e, em seguida, ele e um amigo foram para o cinema no Centro, porém não acharam um filme bom e retornaram. Lá, o irmão da noiva o convidou para entrar na festa. “Recusei, pois era apenas o motorista. Mas ele insistiu dizendo que fazia questão. Aí entrei com ele”, disse ele. Lá dentro, viu uma morena linda, com cabelos que caíam sobre os ombros e logo a chamou para dançar. Assim, ao som de bandinha, conheceu Romana.
“Era um guri lindo. Chamava atenção por onde passava”, disse Romana que já estava de olho nele antes mesmo daquele dia: já o tinha visto em uma festa que aconteceu em Picada São Paulo, de onde guarda “pedrinhas” que achou no chão naquele dia.
Quando terminou a primeira música, eles conversaram um pouco e, em seguida, quando voltaram a dançar, o baile todo parou para ver eles. “Era lindo. Todos, inclusive os noivos, pararam para olhar como estávamos dançando”, relembrou Romana.
A partir de então, foram surgindo mais bailes e encontros. Foram nove anos de namoro até o casamento em 1975. Até hoje, permanecem unidos, apaixonados e apoiando um ao outro.