Cadernos

Mãe e filho Bombeiros Voluntários, uma história de superação

09/07/2018 - 17h27min

A perda do marido, Valdecir Eckard, 47 anos, há um ano e sete meses, foi a principal motivação para a industriária aposentada, Veleda Besing, 49 anos, moradora de Lindolfo Collor, tornar-se Bombeira Voluntária, seguindo os mesmos passos do filho, Jocemar, 31 anos, também Bombeiro Voluntário no Quartel de Ivoti, desde sua fundação. Mãe e filho hoje ensinam uma lição de superação. Veleda perdeu o esposo, vítima de um “ataque fulminante”, tendo falecido na sua presença. Em fevereiro deste ano, ela também perdeu a nora. A namorada do filho Bombeiro, Uiliana Kuhn, com quem moravam na casa nova há 25 dias, em Sapiranga, e com quem ele viajava de Sapiranga pra Ivoti na carona de uma moto, foi vítima de um acidente de trânsito fatal na BR 259, em fevereiro deste ano, do qual ele se salvou, mas cuja dor da ausência e da saudade, ainda acalenta, assim como a falta do padrasto, que o criou como pai. “Meu filho, como eu, também está passando por essa dor”, diz Veleda.

“Meu filho me incentivou muito”

Ela conta que, de tanto o filho falar da mãe e de sua história, por conhecer o trabalho dos Bombeiros e o espírito de liderança da mãe, ela foi convidada pela soldado Carol, a fazer o curso de Bombeira Voluntária. Antes disso, já havia sido Bombeira por Um Dia, indicada pelo filho. Segundo ela, a atividade tem sido bem importante para passar por essas perdas. Os dois, mãe e filho, hoje estão refazendo suas vidas. Ela diz que, ser Bombeiro Voluntária é uma forma de agradecimento a toda a força que recebeu no momento mais difícil de sua vida, tanto da família como de amigos e da comunidade de um modo geral.

“Tudo aconteceu muito rápido e quando meu marido faleceu, meu mundo caiu, a gente tinha uma vida muito boa”, recorda a Bombeira que lembra do último olhar do esposo, minutos antes de submeter-se a um eletrocardiograma. “Ele faleceu no Posto de Saúde, na minha frente e aí vi o quanto seria importante eu ter o mínimo de conhecimento para salvá-lo”, diz Veleda.

Ela formou-se em 2017 e foi a mais velha da turma formada por pouco mais de 26 alunos. Recorda que o treinamento foi bastante difícil, com atividade física e primeiros socorros entre os ensinamentos. Ser mulher e Bombeira, segundo ela, é bom e tem muito reconhecimento. Diz que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito na atividade, ao contrário do que já vivenciou na sua antiga profissão, quando venceu um tabu, sendo uma das primeiras mulheres a chefiar o setor de Montagem em uma empresa de calçados onde o cargo era sempre ocupado por homens. “Hoje não sinto preconceito”, afirma.

Entre as ocorrências mais marcantes em sua trajetória como Bombeira Voluntária, cita um momento em que vivenciou exatamente o que passou ao ver o marido morrer. Conta que uma mulher de uma academia ligou pedindo socorro para um homem que estava tendo um infarto. “Ela estava ofegante, desesperada e me dei conta de que aquela mulher estava passado o mesmo que passei”, aponta. Diz que o Corpo de Bombeiros se dirigiu ao local, mas o homem não resistiu.

Para a Bombeiro Voluntária Veleda, o maior desafio da atividade é conseguir cumprir a missão com sucesso. “Tem ocorrências que são muito difíceis”, destaca. A maior alegria ela diz que é o reconhecimento das pessoas. Orgulhosa da atividade que executa todas as semanas, no último final de semana ela indicou o enteado, Vinícius Eckard, 22 anos, criado por ela como filho, para ser Bombeiro por Um Dia. Veleda também é mãe de Cleice, advogada, e trabalha como cuidadora de um casal de idosos.

Copyright© 2020 - Grupo o Diário