Variedades

Portela e o universo sambista se despedem de Monarco em velório com roda de samba

12/12/2021 - 15h55min

‘Monarco é a história’, diz Paulinho da Viola durante velório, com roda de samba, na quadra da Portela

 

Rio de Janeiro – O corpo de Monarco, presidente de honra da Portela e símbolo do samba, foi velado desde o fim da manhã deste domingo, dia 12, na quadra da Portela, em Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio.

Em meio à presença de torcedores ilustres da escola e amigos do sambista, como Paulinho da Viola, Marisa Monte e Diogo Nogueira, uma grande roda de samba com canções dele e da Portela tomou conta da quadra.

A batucada só foi interrompida para a chegada de integrantes da Mangueira, que também foram prestar homenagem a um dos grandes nomes da história do samba brasileiro.

O enterro estava previsto para as 16h, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio.

‘Ele é a própria Portela’, diz Diogo Nogueira

O cantor Diogo Nogueira também foi se despedir de Monarco. Ao lado do caixão por alguns minutos, ele se emocionou ao abração a viúva, dona Olinda.

“Nosso papel hoje para esse legado, essa história se manter viva, acesa, é continuar cantando a obra desse grande compositor, desse grande homem, de um coração imenso, que sempre agregou, sempre valorizou jovens compositores (…) A memória dele continua viva através de suas canções e melodias, da sua generosidade e da sua elegância. Ele é a própria Portela”, comentou o cantor Diogo Nogueira.

“O coração da Portela fica despedaçado. O Monarco era não só um grande artista, mas também o guardião da memória da nossa escola. Várias gerações de portelenses aprenderam com ele os valores e princípios de fundadores. Ele transmitia aos mais jovens o que era a Portela”, disse o vice-presidente da escola, Fábio Pavão.

Segundo Pavão, a Portela está de luto e cancelou todas as atividades pelos próximos dias – inclusive o ensaio da próxima quarta-feira. A agremiação também deixará de participar de uma festa da Liesa na segunda-feira.

O velório foi aberto ao público.

Uma fita preta de luto foi colocada ao lado do símbolo da Portela

 

História do samba

Monarco é o mais antigo integrante da Velha Guarda da azul e branco de Madureira. Hildemar Diniz nasceu em Cavalcante, Zona Norte do Rio.

Ainda menino, se mudou para Oswaldo Cruz, bairro de origem da Portela. Já naquela época, teve contato com os sambistas da escola e começou a compor sambas.

Não demorou muito para que o jovem, com suas letras e melodias chegasse à Majestade do Samba. Em 1950, com apenas 17 anos, chegou à Ala de Compositores da escola. O que ele não sabia é que esse seria o início de sua carreira como um dos maiores do mundo do samba.

Vinte anos após sua chegada na Azul e Branco de Oswaldo Cruz e Madureira, o compositor emplacou seu primeiro disco no ano de 1976. O álbum, que contou com a participação de Paulo da Portela, tem canções emblemáticas como “Glórias do Samba”, “O Quitandeiro” e “Lenço”.

Em 1980, ele lançou seu segundo disco “Terreiro”, que virou samba exaltação na Majestade do Samba. A canção “Passado de Glória” levou os portelenses ao delírio, se tornando um samba aclamado por toda a comunidade.

Outra música marcante deste mesmo álbum, é a “Homenagem à Velha Guarda”, em que fala sobre alguns grandes ícones da Portela, e como o samba nasceu na escola.

Com seis álbuns no mercado fonográfico e inúmeras participações com grandes nomes da música brasileira como Marisa Monte, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho entre outros, o baluarte da Portela deixa seu legado de mais de 70 anos na história do samba.

Nota da Portela:

“É com tristeza profunda que a Portela informa a morte de nosso Presidente de Honra, Monarco, aos 88 anos. O Mestre estava internado desde o mês de novembro no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde se internou para fazer uma cirurgia no intestino. Infelizmente, não resistiu a complicações. Ele deixa esposa, filho, netos e uma legião de fãs e admiradores. Por enquanto, não há informações sobre velório e enterro do corpo.”

“O presidente Luis Carlos Magalhães, o vice-presidente Fábio Pavão, a Velha Guarda Show da Portela, a Galeria da Velha Guarda e toda a diretoria da Majestade do Samba lamentam o falecimento e se solidarizam com os familiares, amigos e fãs”, diz a nota da escola.

 

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